Come massa pelo nariz

"Milão, Itália - Claudia Laguzzi vive na capital do escalope. No entanto, nunca ingeriu nada pela boca desde que nasceu. Para comer esparguete tem de usar, exclusivamente, o nariz."

"Cada vez que se senta à mesa no restaurante Le Farfalle, um dos melhores de Milão, Claudia executa um autêntico número. No entanto, não o faz para dar espectáculo: se a pobre mulher snifa a refeição é porque é incapaz de engolir qualquer tipo de comida pela boca.

A doença de Claudia é muito rara. Em Itália só se conhecem dezoito casos semelhantes, dos quais mais de metade são mulheres. A desgraça de Caudia nasceu com ela. A jovem italiana não conheceu nunca o prazer de saborear os alimentos, nem sequer os mais vulgares, como batatas, ovos ou umas simples salsichas. Já em bebé, a pequena Claudia tinha de mamar pelo nariz, encostando as narinas aos mamilos de mãe. Mais tarde, um pediatra teve de inventar um biberão especial que absorvesse a papa necessária para se alimentar." 

Mas qual é a origem de tão estranha doença?

"De princípio os médicos estavam confusos - explica Claudia -. Pensavam que fosse um super desenvolvimento da minha campainha da garganta. Julgava que o tamanho desta protuberância impedia a passagem dos alimentos mais espessos, já que consigo ingerir alguns líquidos pela boca, como água e café. Contudo, mandaram-me fazer algumas radiografias que vieram provar que a minha campainha era tão pequena como a de qualquer outra pessoa normal."

Depois de ter ido a muitas consultas, um especialista de Nápoles, o doutor Paulo Giannoli, disse-lhe que era somente um problema psicológico mas, possivelmente, incurável.

Ao que parece, a mãe de Claudia comeu muito queijo durante a gravidez, o que pode ter provocado no subconsciente do feto uma rejeição a todo e qualquer tipo de comida.

"Apesar de todos os meus problemas, levo uma vida praticamente normal, adaptei-me a todos os inconvenientes - explica -, excepto quando me constipo, porque passo imensa fome, já que não posso comer nada."  

Fonte: Notícias do Mundo, Set. de 1994 - Ouvistes falar